Os 20 Melhores Filmes da Década (Parte 2)

10. Oldboy (Oldboy, 2003, Chan-wook Park)

Oldboy é um filme coreano, daqueles que a gente se pergunta o tempo inteiro: aonde essa história vai chegar?! O filme conta a vida de Oh Dae-su (Choi Min-sik). Um homem casado e com filha, que depois de sair de uma cabine telefônica some, misteriosamente. A partir daí, a gente acompanha sua solidão durante os 15 anos em que fica aprisionado dentro de um quarto, com apenas uma TV. Dentro do cativeiro, ele passa a aprimorar suas habilidades, na certeza de que vai se libertar e destruir quem fez aquilo com ele. Seu ódio e sua vontade de se vingar crescem dia após dia, principalmente quando vê no noticiário o assassinato de sua mulher. O principal suspeito do crime? ele próprio. Mas o que interessa mesmo é que depois de 15 anos ele consegue escapar. E o que vemos a partir daí é incrível demais. É um filme perturbador, cheio de cenas fortes, com uma trilha sonora que complementa a qualidade do roteiro, que faz a gente criar uma expectativa tão grande quanto a do próprio protagonista, em descobrir o motivo de tudo.

9. Shortbus (Shortbus, 2006, John Cameron Mitchell)

Uma terapeuta sexual que nunca teve um orgasmo e seu marido, uma dominatrix solitária, um voyeur, um casal gay que não consegue transar, e Ceth, jovem que parece ser o vértice ideal para um eventual triângulo deste casal. E um clube underground chamado Shortbus onde toda essa gente vai se encontrar. Parece um filme de putaria, mas não é (apesar de ter). Na verdade, é um dos filmes mais poéticos que eu já vi na vida. Não daqueles que esfregam a poesia na sua cara, mas que deixa mensagens a cada cena, que cria metáforas, que faz a gente pensar na própria vida de uma maneira diferente, muito melhor. A trilha sonora é outro ponto alto do filme, que já começa ao som de Anita O’Day e ainda conta com Animal Collective e Yo La Tengo. Vale a pena ver o ser humano e tudo que faz parte dele tão bem abordados nesse filme.

8. O Segredo dos Seus Olhos (El Secreto de Sus Ojos, 2009, Juan José Campanella)

O segredo dos seus olhos é sensacional e emocionante. Benjamín Espósito (Ricardo Darín) é um oficial de justiça aposentado, que tenta escrever um livro baseado num brutal assassinato que investigou anos antes. Enquanto escreve o livro, Benjamín vai relembrando toda a história e começa a questionar pra si mesmo todos os erros que cometeu durante a vida. A trama principal (sua vida) e a subtrama (a investigação do assassinato) se entrelaçam de uma forma magnífica e surpreendente. O final do filme não poderia ter sido outro. Mereceu todas as indicações e todos os prêmios ganhos.

7. Deixa Ela Entrar (Låt Den Rätte Komma In, 2008, Tomas Alfredson)

Um dos melhores filmes de vampiro que já vi na vida. E olha que é um filme muito simplório, mas tem umas cenas antológicas. Não tem exércitos de vampiros com milhares de efeitos e orçamento caríssimo, pelo contrário, tem só uma vampirinha (que na verdade é um vampiro que foi castrado quando criança) e um menino que tem feições de menina. Talvez por ser tão fora dos padrões que o filme seja tão encantador. Oskar (Kåre Hedebrant) é um menino sueco que sofre bullying na escola e vive planejando sua vingança contra os outros garotos. Enquanto Eli (Lina Leandersson) é uma menina que mostra ser tudo que Oskar sempre sonhou (forte e destemida). O romance entre os dois cresce aos poucos, enquanto Oskar continua frequentando a escola, Eli faz suas vítimas pelas redondezas.
Importante ressaltar que Eli tem um vassalo, com quem manteve um relacionamento ao longo de sua vida. Quando ele deixa de ser útil, ela precisa arrumar um novo..Com o sucesso do filme, trataram de fazer um remake hollywoodiano rapidinho. Eu ainda não assisti, mas pretendo. Só sei que a versão sueca é perfeita, e provavelmente, insuperável.

6. Brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças (Eternal Sunshine of the Spotless Mind, 2004, Michel Gondry)

Brilho eterno de uma mente sem lembranças é um dos grandes filmes cult da última década. Mas o burburinho em volta dele não é superestimado, na minha opinião. Vale cada minuto. Joel (Jim Carrey) e Clementine (Kate Winslet) são um casal que vive uma crise no relacionamento. Ele é metódico e tímido, totalmente o oposto dela, que é impulsiva e extrovertida. São duas pessoas que se complementam e ao mesmo tempo “batem de frente”. Um dia, Joel descobre que Clementine o apagou da sua mente através de uma clínica especializada nesse tipo de serviço. Desesperado, acredita que a única solução é fazer o mesmo procedimento. A partir daí, o filme se passa dentro da cabeça de Joel, em que ele relembra fatos enquanto estes vão sendo apagados. Mas ele se arrepende e tenta anular o processo dentro da sua própria mente, fugindo com Clementine para lugares desconhecidos pelos que estão apagando sua memória. A fotografia do filme é linda e o roteiro (como se nota) é super original.

5. O Labirinto do Fauno (El Laberinto del Fauno, 2006, Guillermo del Toro)

Guillermo del Toro soube misturar maravilhosamente realidade com fantasia nesse filme que, além de possuir uma fotografia impecável, possui um dos roteiros mais criativos, em se tratando de filme fantasioso. Ofélia (Ivana Baquero) muda com a mãe para o acampamento militar de seu novo marido. Em meio a guerra espanhola, descobre que é a princesa de um mundo mágico. Para “recuperar seu trono”, ela precisa passar por três provas. Uma dessas provas rende a melhor cena do filme (foto), na minha opinião. A alternância entre a crueldade da vida real e a beleza da vida fantasiosa e a forma como isso é mostrado, fazem desse filme um dos mais belos dos últimos tempos.

4. Os Sonhadores (The Dreamers, 2003, Bernardo Bertolucci)

Três jovens e uma coisa em comum: a paixão pela sétima arte! Esse é o típico filme que todo mundo que gosta muito de cinema deveria ver. Bertolucci gerou muita polêmica com ele, devido às várias cenas de nudez. Mattew (Michael Pitt) é um americano que mora e estuda em Paris, e através do cinema conhece aqueles que virão a ser seus grandes amigos, os irmãos gêmeos Théo e Isabelle (Louis Garrel e Eva Green). Théo e Isabelle (principalmente ela), são os personagens que fascinam a quem assiste, por conta de suas excentricidades. São personagens bem construídos, inteligentes, inteiramente ligados entre si, e que vão fazendo Mattew viver um monte de experiências. Eles vivem a época da revolução estudantil, mas isso serve mais como “fundo” para a história entre os três. No decorrer do filme, Isabelle se envolve mais com Mattew, fazendo com que o personagem de Théo fique mais “de lado”. Mas isso sofre uma reviravolta quando Isabelle demonstra a total dependência que tem pelo irmão e depois, quando a revolução “invade” o mundo criado por eles. São feitas várias referências à outros filmes, incluindo alguns de Godard, Truffaut, Chaplin, Bergman, etc. Sem falar da ótima trilha sonora que vai de Hendrix à Édith Piaf.

3. O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (Le Fabuleux Destin d’Amélie Poulain, 2001, Jean-Pierre Jeunet)

O fabuloso destino de Amélie Poulain é um filme sobre as coisas simples da vida. A gente nota isso logo de início, quando os personagens vão sendo apresentados juntamente com seus pequenos prazeres. Amélie (Audrey Tautou) foi criada isolada de outras crianças, por isso depois de adulta ficou bastante introspectiva, ingênua. Ao encontrar uma caixinha com brinquedos e coisas antigas, decide devolvê-la ao dono. Se ele se emocionasse ela passaria a ajudar as pessoas a serem mais felizes. E é isso que acontece. Amélie passa o filme inteiro levando alegria e amor às outras pessoas (de forma bem criativa). Com isso, ela se livra da reclusão sentimental em que vivia..e passa a buscar a sua própria felicidade. Não bastasse o roteiro super criativo, o filme ainda tem uma fotografia perfeita e trilha sonora viciante, feita por Yann Tiersen (mesmo de Adeus, Lênin!)

2. Control – A História de Ian Curtis (Control, 2007, Anton Corbijn)

Control é um filme que conta a vida de Ian Curtis (líder do Joy Division), desde sua adolescência até o suicídio, aos 23 anos. Acredito que mesmo quem não é fã, nem nunca tenha ouvido falar da banda, com certeza se identifica com as angústias que sentiam o cantor, e claro, com a belíssima e triste história que foi sua vida, seus amores, sua carreira. Ian (Sam Riley) sempre escreveu desde muito novo, e na música foi influenciado por nomes como Lou Reed, David Bowie e Iggy Pop. Casou-se muito jovem, entrou pro Joy Division, teve uma filha, começou a fazer sucesso, descobriu que tinha epilepsia, arrumou uma amante..e a junção disso tudo fez ele ficar totalmente perturbado. Por causa dos ataques epilépticos (cada vez mais frequentes), desenvolveu um jeito diferente de dançar, que virou sua marca. Ficou famoso por suas letras e suas performances únicas. Acredita-se que o suicídio aconteceu por causa dos ataques de epilepsia, unidos ao fato de ter de escolher entre mulher e filha e sua relação extraconjugal, e por não saber lidar com o seu talento. O filme retrata toda essa história em preto e branco, o que dá um ar mais melancólico e pesado. Com uma fotografia maravilhosa e atuações digníssimas.  Sem contar que a trilha sonora deve ser uma das melhores dos últimos tempos. E o espectador consegue entender perfeitamente porque Ian perdeu o controle.

1. Réquiem para um Sonho (Requiem for a Dream, 2000, Darren Aronofsky)

É um dos melhores filmes sobre drogas que existe. Eu costumo pensar em Réquiem para um sonho como um “irmão oposto” de Trainspotting. Em trainspotting  (se a lista não fosse da última década com certeza estaria presente) o protagonista escolhe viver, afinal de contas..e tudo dá “certo”. Já em Réquiem, nao é assim. A música de início (ótima, por sinal) já nos mostra o quão sombrio vai ser o resto do filme. É abordado não só o vício pelas drogas ilegais, mas também pelas drogas legais, como a anfetamina, socialmente aceitável. O filme acompanha a vida de quatro personagens ligados entre si e consegue transferir pra quem está assistindo, brilhantemente, uma sensação de incômodo, um mal mesmo, tão grandes..Destaque para a atriz Ellen Burstyn, que vive a mãe do personagem principal Harry (Jared Leto). Uma mulher viúva, frustrada, que passa o tempo assistindo TV (crítica ao padrão de vida norte-americano, mas que vale para o padrão de vida do mundo inteiro, né) e que sonha em aparecer em uma. Recebe um telefonema sendo convidada para participar do seu programa preferido. Começa a tomar anfetaminas para emagrecer e caber no seu antigo vestido, mas acaba viciada. O final do filme é um soco no estômago e tem uma das cenas mais lindas que eu já vi: todos os personagens em posição fetal. Merece ser o primeiro lugar.

Outros filmes que também mereciam estar na lista: A Viagem de Chihiro, O Pianista, Má EducaçãoSin City – A Cidade do Pecado, Onde os Fracos Não Tem Vez, O Curioso Caso de Benjamin Button, Onde Vivem os Monstros, As Canções de Amor, Bastardos Inglórios, etc.

E pra você, quais são os melhores filmes da década?

1 responses to “Os 20 Melhores Filmes da Década (Parte 2)

  1. parabens nas suas escolhas,,,perfeitas,,,ateh msm o filme,,onde vivem os monstros,,mts o acham infantl,,porem,,ao vel-lo,,nos traz uma sensaçao de estarmos vontando aos nosso sentimentos de infancia que eh mt bom,,e estranho,,,e passa uma mensagem mt forte sobre o sentido da amizade e de como os nossos atos nao sao feitos sem que aja algo como consequencia,,sei la,,mas,,,,,,mt bom,,,o labirinto do fauno entao,,,sem comentarios!!!
    abraços

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